Audioverso, Meuverso, Seuverso, Nossoverso…
Edição #5: sobre universos de interesse e formação de comunidade...em áudio ou em qualquer outro formato
Pra você que chegou agora por aqui, todos os meses eu faço um apanhado do que considero interessante sobre o universo do conteúdo em áudio. Uma news pra você que talvez já escute podcasts, tá ouvindo os primeiros audiobooks (ou storycasts) e já ouviu falar de audioseries. E também pra você que trabalha na indústria!
Sou o André Palme e meu trabalho é conectar pessoas e histórias há mais de uma década. Se você quiser saber mais sobre o meu trabalho, esse é o link do meu site.
Ah…e se você lembrar de alguém que também pode gostar do que tem por aqui, é só compartilhar essa news :)
Meu artigo desse mês fala sobre universos de interesse e como é importante o conteúdo ser pensado para comunidades.
Audioverso, Meuverso, Seuverso, Nossoverso…
Eu comecei minha newsletter sem um nome e, por falta de outra palavra, chamei ela primeiro de Palme, meu sobrenome e como me acostumei a ser chamado profissionalmente. Mas desde o começo coloquei um subtítulo: o universo do áudio em doses mensais. Aí esse mês dei um nome para ela: Audioverso…e é sobre isso que quero falar neste texto: universos.
Mas não o universo no sentido cósmico e todos os seus planetas e estrelas. Quero falar de universos de interesse. Podemos usar outras palavras, como complemento ou sinônimos: preferências, fandom, comunidade…mas vamos usar universo. Pra ler o artigo completo clica aqui.
> Esse artigo bem interessante fala sobre como ouvir audiobooks é um processo também de mindfulness, de abrir espaço para as histórias e estar presente consumindo o conteúdo, publicado pela Book Riot.
> E o Jesse Eisenberg, ator conhecido pelo filme "A Rede Social", apresentou nesta quarta-feira (18/05) seu primeiro longa-metragem como diretor, "When you finish saving the world", no Festival de Cannes. O mais legal é que o filme é inspirado em um Audiobook de mesmo nome.
> O Substack lançou um chamado para criadores de áudio ou pessoas que falam sobre o assunto para o que eles estão chamando de o Verão do Som, um workshop imersivo para aprofundar seu foco, construir uma estratégia, testar técnicas e transformar suas publicações em projetos sustentáveis.
> E o Castnews publicou uma matéria com a Pesquisa Global de Consumidores da Statista, que entrevistou entre mil e 5,7 mil pessoas por país e que revela os 3 países que mais consomem podcasts no mundo. De 54 países, a Suécia ocupa o topo da lista, com 47% dos entrevistados afirmando ter ouvido pelo menos um podcast nos últimos 12 meses. Em segundo e terceiro lugar, estão Irlanda e Brasil, respectivamente.
> E falando de podcasts, o Matt Hird publicou um artigo dizendo: Afinal, que M**** é um podcast? E por que isso importa? Vale a leitura!
> Aproveitando, o Podnews também publicou um artigo sobre o que é um podcast, de maneira mais técnica e dando seu parecer sobre questões polêmicas como os videocasts e podcasts exclusivos.
> Também do Podnews um artigo que fala sobre algo também polêmico em podcasts: SEO e Search. O texto fala sobre como as pessoas encontram seu podcast :)
> Pra quem gosta de rankings, a Triton fez um ranking de podcasts, baseado em downloads semanais. Aqui o link para a América Latina.
> Finalizando, eu e Bruno Mendes (#coisadelivreiro, e muitos outros negócios) participamos do Podcast do Publishnews pra falar sobre empreendedorismo no universo editorial. Se quiser ouvir, segue o link :)
3 PERGUNTAS PARA CRIS DIAS
Cristiano Dias já estudou mecânica, publicidade, mas acabou mesmo se formando em análise de sistemas na Puc-Rio. Como muita gente no mercado ele já foi “o cara que entende tudo de computador” até descobrir que na internet a gente conseguia criar conteúdo, publicar e encontrar um público para isso. Foi nessa época que, aliviado, descobriu que ter estudado tanta coisa diferente tinha sido uma coisa boa e não indecisão de adolescente.
Um dos primeiros blogueiros em português (seu blog foi ao ar em novembro de 2000), o primeiro brasileiro a publicar alguma coisa no Twitter, podcaster desde 2005 e sempre confundido com a ex-apresentadora do Esporte Espetacular, já trabalhou em startups de tecnologia, agências de publicidade foi líder para a América Latina do Creative Shop Studio no Facebook/Meta e Head of Content do BuzzFeed. Agora junta toda essa experiência para contar histórias em diferentes formatos — mas com predileção assumida pelo áudio — à frente do Boa Noite Internet, seu podcast que é um dos programas da Ampère, empresa de entretenimento sônico da qual é sócio fundador.
1/ Como você vê a evolução e o uso do conteúdo em áudio como formato de entretenimento?
O áudio no Brasil começou e evoluiu em um caminho bem diferente do americano. Por lá a origem foi nas rádios públicas e suas narrativas em áudio — não à toa chamam o This American Life de "o podcast que criou outros 1000 podcasts". Áudio nos EUA sempre foi criado por jornalistas sérios com pautas mais sérias ainda, que estudaram os formatos em grandes universidades e sabem fazer apuração de maneira rigorosa. Ou longos audiolivros, para trazer produtividade ao trajeto de casa ao trabalho e "levar conhecimento" para a grande classe média americana.
Enquanto isso, os podcasts brasileiros nasceram dos blogs. De gente que tem zero estudo acadêmico mas por outro lado muita paixão pelo que está falando. Que entende instintivamente de gerar conexão com o público. Um formato muito inspirado pelo rádio popular do Brasil. Os primeiros episódios do meu primeiro podcast — o RadarPOP, lançado em 2005 — tinham quadros e até a "música da semana". Era "o rádio na internet". Cada participante se apresentava pra quem ouvia reconhecer as vozes. A gente colocava o que hoje se chama "vírgula sonora", pra demarcar os quadros. (a nossa era roubada do desenho Super Amigos) Foi nesse território que o Nerdcast se criou e virou esse gigante que está aí até hoje. Enquanto nos EUA todo mundo tentava ser o Ira Glass, aqui no Brasil todo mundo queria ser o Alotonni e o Azaghal.
Até que curiosamente, nos últimos 5 a 10 anos, as linhas começaram a se cruzar. Os brasileiros começaram a consumir mais conteúdo gringo que viram que podcast podia ser mais que "uma conversa de amigos sobre cultura pop". Aí nasceram coisas como o Projeto Humanos e o Presidente da Semana. Ao mesmo tempo, o público de podcasts nos EUA saiu do nicho (e do iPhone) e o mercado de lá foi entendendo que programas focados em conversas eram mais simples de produzir e levam a muita conexão com o público. Programas de entrevista como o do Joe Rogan e do Tim Ferris começaram a subir nos rankings. Outros como o Chapo Trap House usaram bem o formato "mesacast" que a gente já fazia há décadas no Brasil.
Os americanos descobriram algo que a gente já sabia por aqui há décadas: o poder do podcast em formar comunidades. Em conectar pessoas emocionalmente. Eu sempre conto que o elogio que eu mais gosto de receber como podcaster é "Você é um amigo que eu nunca encontrei pessoalmente". Eu não imagino que o Ira Glass (que é um criador de conteúdo muitas ordens de grandeza melhor que eu) ouça esse tipo de coisa. Há uma distância respeitosa entre o público e os jornalistas-de-áudio americanos. Aqui nós somos iguais ao público. Só somos representantes desta comunidade.
2/ Como você vê o futuro do entretenimento em áudio?
Estamos vivendo a era dos "mesacasts de entrevista em vídeo". E tudo bem. Não sou contra o formato. Aliás o aplaudo muito por resolver o antigo problema de que "podcast não viraliza". O formato de cortes aumentou o público com uma amostrinha grátis do conteúdo com profundidade e conexão emocional que só o áudio traz. Minha implicância é só com muita gente (incluindo produtores de conteúdo) acharem que esse é o único formato possível. Comentei semana passada no LinkedIn que seria como dizer que a TV só pode ser novela.
Para minha felicidade o novo audiodrama do Batman está liderando as listas de mais ouvidos do Spotify mundo afora. Mostra que o público que mais do que conversas em volta de uma mesa de madeira com uma TV de LED na ponta — que vão continuar existindo. Os mesacasters vão precisar se diferenciar para sobreviver. Seja com entrevistas de qualidade, ou então com inovações no formato.
Na Ampère estamos apostando em duas frentes. A primeira é com produções de dramaturgia para As Grandes Plataformas, com sala de roteiro, elenco, arco narrativo, etc.. Dá trabalho e demora muito tempo para fazer… a menos que você compare com vídeo, aí neste caso é muito mais rápido e barato. O que nos permite testar ideias que, se bem sucedidas, não precisam existir só em áudio. Ainda não posso falar muita coisa além de "vem aí", mas… vem aí nos próximos meses e vai ser incrível.
A segunda frente é a que trabalhamos desde o dia 1, que é conteúdo voltado para a criação e fortalecimento de comunidades. Juntar pessoas em volta de uma ideia, uma propriedade intelectual. Pode ser nos nossos títulos próprios, como o meu podcast, o Boa Noite Internet, mas também em projetos para marcas como o PodPosition com Cacá Bueno para a Red Bull, o Lá Onde Eu Moro para o Quinto Andar ou até o Papo de Motora, o podcast "interno" para os motoristas da 99 que já vai para a sexta temporada (que a gente brinca que é o maior podcast B2B do Brasil).
Criar conteúdo voltado para comunidades significa que o mercado de áudio precisa parar de olhar para si apenas pela lente da mídia. O áudio não precisa se limitar a ser só ondas sonoras saindo de um fone de ouvido ou alto-falante do carro. Seu verdadeiro superpoder é criar conexão com as pessoas, seja lá onde for. E nem estou falando em criar vídeo, que é uma ferramenta útil e poderosa. O Boa Noite Internet mesmo, por exemplo, é um podcast que tem newsletter e um servidor de Discord ativo mesmo quando os programas não estão indo ao ar. O áudio é só o ponto de encontro principal da comunidade.
3/ O que você tem ouvido?
Eu sigo ouvindo meus xodozinhos de sempre, porque entre tantas coisas o podcast é aquele lugar confortável onde vou para saber que está tudo bem. Sigo ouvindo o Radiolab e 99 Percent Invisible, os podcasts que primeiro me deram síndrome de impostor (eu nunca vou conseguir fazer alguma coisa assim!) e depois me inspiraram a pelo menos tentar chegar o mais perto que eu conseguir. Também ouço muito as entrevistas do Ezra Klein, porque ele chama pessoas para debater assuntos específicos, ao contrário do formato "vamos falar da sua vida toda" que os podcasts brasileiros ainda seguem.
Fora isso, dou uma experimentada em programas novos, especialmente no Brasil que tem uma variedade cultural muito maior que os EUA. Ano passado tivemos a honra de participar como mentores no SoundUp, programa de incentivo e desenvolvimento de novos podcasters do Spotify e lá a gente ficou sabendo de uma ideia que finalmente foi ao ar e agora o resto do Brasil pode se apaixonar com a gente. É o Calunguinha. No primeiro dia de SoundUp, naquela rodada de apresentações, a gente já começou a comentar entre nós o quanto o Calunguinha ia ser gigante — e morrer de inveja da Trovão, que foi quem fez a mentoria e depois a produção do podcast. Esse é o tipo de coisa que só o Brasil pode fazer e o que me faz seguir empolgado com essa indústria.
Tudo isso me anima de ver que o mercado de áudio não está parado, seguem em busca constante por inovação, em seguir se adaptando às tecnologias, plataformas e ao público. O mercado mudou muito em poucos anos e tudo indica que vai continuar mudando por muito tempo. Ainda bem.
Nessa seção eu sempre indico alguns conteúdos que tenho ouvido e curtido, sem rotular áudio formatos :)
Praia dos Ossos: talvez eu esteja dois anos atrasado nessa recomendação. Mas um bom conteúdo é sempre um bom conteúdo. Não tinha ainda ouvido Praia dos Ossos do começo ao fim. Aí estive no Rio2C e assisti uma mesa, justamente com a Branca Vianna, falando sobre True Crime e fui ouvir. Que trabalho incrível, o roteiro vai te levando e te fazendo entender todo contexto, todos os envolvidos. Valeu muito!
2001 - Uma odisseia no espaço: um clássico da ficção científica, lançado com exclusividade em audiobook pela Storytel. Narrado pelo genial Mauro Ramos, que transforma qualquer história em algo maravilhoso. Acessa aqui!
Desplugado: minha playlist favorita para viagens em que eu não tenho que dirigir (um carro ou um avião) e pra momentos onde tudo que você quer é relaxar.
Por aqui sempre falo de meditação ou de como o áudio pode ser um aliado para respirar, relaxar e desconectar. Com o tempo comecei a tentar me disciplinar pra meditar pelo menos alguns minutos por dia. Meditação pra mim tem tudo a ver com áudio e ouvir; fechar os olhos e SE ouvir.
Essa seção é pra trazer alguns áudios que podem te ajudar a relaxar e parar, nem que seja por 5 minutos por dia pra, ouvindo algo legal, se ouvir. Eu sei que tá difícil, mas vale a pena :)
Meditopia: não é uma playlist ou um áudio específico, mas é um app que tem muitas trilhas de meditação e conteúdos bem legais, pra iniciantes e também para praticantes mais veteranos. Aqui o link do site com mais infos :)
Junto com a E.B.A.C. eu criei um curso sobre o mercado do áudio. Se você ainda não sabe como dar os primeiros passos ou se você já tá no mercado e quer se aperfeiçoar na área você vai curtir :)
São mais de 25 horas de aulas, 100% online pra você estudar a hora que preferir e com tutores que te ajudam durante todo o curso. Pra conhecer mais e se inscrever é só clicar aqui!
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Se quiser trocar uma ideia sobre áudio, fazer alguma pergunta, dar alguma sugestão ou fazer alguma crítica, ou mesmo se precisar de uma mentoria, me manda um alô em andre@opalme.com.br
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Até mês que vem. Axé!